Este foi tomado de uma secreta emoção ao deparar com seis gendarmes, cujos chapéus bordados em prata brilhavam à claridade da lua.
- Meu general - perguntou o cabo -, não ouviu há pouco um homem correndo em direção à barreira?
- À barreira? Não.
- Não abriu a porta a pessoa alguma?
- Tenho por acaso o hábito de abrir eu mesmo a minha porta...
- Mas, perdão, meu general, neste momento, parece-me que...
- Ora, pois!- exclamou o marquês em tom colérico. - Quer zombar de mim? Porventura, terá o direito...
- Não, não, meu general - replicou o cabo, muito mansamente. - Desculpará decerto nosso zelo. Bem sabemos que um par de França não se expõe a receber um assassino a esta hora da noite; porém, o desejo de obter alguns esclarecimentos...
- Um assassino! - exclamou o general. E quem foi?...
- O senhor barão de Mauny acaba de ser morto com uma machadada - replicou o gendarme. - O assassino está sendo diligentemente perseguido. Estamos certos de que se acha pelos arredores e vamos dar lhe caça. Desculpe, meu general.
O gendarme, ao mesmo tempo que falava, montava a cavalo, de sorte que não lhe foi possível felizmente ver o rosto do general. Habituado a todas as suposições, o cabo talvez tivesse concebido suspeitas ao aspecto dessa fisionomia franca, na qual tão fielmente transpareciam os movimentos d’alma.
- Sabe-se o nome do assassino? - perguntou o general.
- Não - respondeu o gendarme. - Deixou a secretária cheia de ouro e notas, sem os tocar.
- Foi uma vingança - disse o marquês.
- Ora! Num velho?... Nada, nada, o patife não teve tempo de realizar seu intento.
E o guarda se reuniu aos companheiros, que galopavam já à distância. O general ficou um momento entregue a perplexidades fáceis de compreender. Ouviu então os criados que voltavam discutindo com um certo calor; suas vozes ressoavam na encruzilhada de Montreuil.