A Mulher de Trinta Anos - Cap. 5: Os dois encontros Pág. 159 / 205

E eis meu crime. Adeus, senhor. Apesar da amargura que lançou na sua hospitalidade, conservarei eterna recordação. Terei ainda na alma um sentimento de reconhecimento para com um homem no mundo: o senhor... Porém, eu o teria querido mais generoso.

Dirigiu-se para a porta. Nesse momento, a jovem inclinou-se para a mãe e segredou-lhe umas palavras ao ouvido.

- Ah!... - A exclamação da marquesa fez estremecer o marido, como se tivesse visto Moina morta. Helena estava de pé e o assassino voltara instintivamente, mostrando no rosto uma certa inquietação por aquela família.

- Que tem, minha querida? - perguntou o marquês.

- Helena quer segui-lo - respondeu a marquesa.

O criminoso corou.

- Visto que minha mãe traduz tão mal uma exclamação quase involuntária - disse Helena em voz baixa -, realizarei seus votos.

Depois de ter lançado um olhar de altivez quase selvagem em torno de si, a jovem baixou os olhos e ficou numa atitude admirável de modéstia.

- Helena - disse o general -, foi lá em cima ao quarto onde eu...?

- Sim, meu pai.

- Helena - tornou com a voz alterada por um tremor convulsivo, - é a primeira vez que vê este homem?

- Sim, meu pai.

- Não é portanto natural que tenha intenção de...

- Se não é natural, é pelo menos verdade, meu pai.

- Ah, minha filha!... - disse a marquesa em voz baixa, mas de maneira que seu marido ouvisse. - Está mentindo a todos os princípios de virtude, de honra, de modéstia, que procurei desenvolver em seu coração. Se até esta hora fatal não foi senão uma constante mentira, então não merece ser lastimada. E a perfeição moral deste desconhecido que a tenta? Será a espécie de poder necessário aos que cometem um crime?... Estimo-a demasiado para supor que...

- Oh! Suponha tudo, senhora - tornou Helena com frieza.





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