A Mulher de Trinta Anos - Cap. 5: Os dois encontros Pág. 165 / 205

- Ainda agora, só matou um velho; aqui, assassina uma família inteira.

- Minha filha... Helena foi raptada. Vão ao jardim! Vigiem a rua! Abram a porta aos gendarmes!... Procurem o assassino!

Num ímpeto de raiva, quebrou a corrente que prendia o grande cão de guarda.

- Helena! Helena!... - gritou ao cão.

O animal saltou como um leão, ladrou furiosa mente e correu para o jardim tão rápido que o general não pôde segui-lo. Nesse momento, ouviu-se na rua o galope de cavalos, e o general foi correndo abrir.

- Cabo - ordenou -, corte a retirada do assas sino do senhor de Mauny. Fugiram pelos meus jardins. Depressa, mande cercar todos os caminhos do outeiro de Picardie. Vou dar uma batida por todas as terras, parques e casas. Vocês - determinou aos criados -, guardem a rua e vigiem desde a barreira até Versalhes. Vamos!

Pegou uma espingarda que um criado lhe apresentou e correu para os jardins gritando ao cão: - Procure! - Responderam-lhe, na distância, latidos furiosos, e o general dirigiu-se para o lugar de onde pareciam proceder.

Às sete horas da manhã, as buscas dos gendarmes, do general, dos criados e dos vizinhos tinham sido inúteis. O cão não voltara. Acabrunhado de fadiga e já envelhecido pelo sofrimento, o marquês voltou para o salão, para ele deserto, não obstante a presença dos seus três filhos.

- Foi bem fria com sua filha - disse o general fitando a mulher. - Eis o que nos resta dela - ajuntou, mostrando o bastidor onde se via uma flor começada. - Estava ali há pouco e, agora, perdida... Perdida!

Chorou, ocultando a cabeça nas mãos, e esteve um momento silencioso, não ousando contemplar esse salão, que momentos antes lhe oferecia o quadro mais suave da felicidade doméstica. A luz da aurora lutava com as lâmpadas expirantes; as velas queimaram suas grinaldas de papel, tudo combinava com o desespero daquele pai.





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