A Mulher de Trinta Anos - Cap. 5: Os dois encontros Pág. 171 / 205

- Parem o barco - ordenou o capitão contrariado.

E o marujo que defendera a honestidade do Parisiense ajudou diligentemente nessa manobra desesperada. A tripulação esperou uma mortal meia hora, presa da maior consternação. O Saint-Ferdinand levava em piastras quatro milhões, que compunham a fortuna de cinco passageiros, e a do general se elevava a um milhão de francos. Por fim, o Otelo, que se achava perto, mostrou distintamente as ameaçadoras goelas de doze canhões prontos a fazer fogo. Parecia levado por um vento que o demônio soprava só para ele; mas o olhar de um marinheiro experimentado adivinhava facilmente o segredo dessa rapidez. Bastava contemplar durante um momento a impetuosidade do brigue, sua forma estreita, alongada, a altura da mastreação, o corte do velame, a admirável leveza da aparelhagem e a facilidade com que sua numerosa tripulação, unida como um só homem, cuidava da perfeita orientação da superfície branca apresentada pelas velas. Tudo anunciava uma incrível segurança de poder naquela esbelta criatura de madeira, tão rápida, tão inteligente como um corcel ou uma ave de rapina. A equipagem do corsário estava silenciosa e pronta, em caso de resistência, a devorar o pobre navio mercante, que, felizmente para ele, se mantinha quieto, semelhante a um colegial surpreendido em falta pelo professor.

- Temos canhões!- exclamou o general, apertando a mão do capitão espanhol.

Este lançou ao velho militar um olhar cheio de coragem e desespero, dizendo-lhe: - E homens?

O marquês examinou a equipagem do Saint Ferdinand e estremeceu. Os quatro negociantes estavam pálidos e trêmulos; enquanto isso os marinheiros, em torno de um deles, pareciam decidir tomar o partido do Otelo, olhando para o corsário com cúpida curiosidade.





Os capítulos deste livro