A Mulher de Trinta Anos - Cap. 5: Os dois encontros Pág. 188 / 205

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- Ah!, minha senhora, ela me parece muito altiva, não sei se vai querer.

- Vou vê-la...

E a marquesa subiu imediatamente ao quarto da desconhecida sem pensar no mal que sua presença ia fazer àquela mulher no momento em que a diziam agonizante, pois estava ainda de luto. A marquesa empalideceu à visão da moribunda. Apesar dos horríveis sofrimentos que haviam alterado a fisionomia de Helena, ela reconheceu a filha mais velha. Vendo uma mulher vestida de negro, Helena sentou-se na cama, soltou um grito de terror e deixou-se cair, quando reconheceu a mãe.

- Minha filha - disse a senhora d’Aiglemont -, de que precisa? Paulina!... Moina!...

- Já não preciso de nada - respondeu Helena com voz fraca. - Esperava tornar a ver meu pai; mas seu luto anuncia-me...

Não acabou; apertou a criança de encontro ao peito como para aquecê-la, beijou-a na fronte e lançou à mãe um olhar onde ainda se lia uma censura, embora temperada pelo perdão. A marquesa não quis ver a censura; esqueceu-se de que Helena fora a criança concebida outrora nas lágrimas e no desespero, a filha do dever, e que tão grandes desgraças lhe causara; aproximou-se meigamente da filha mais velha, lembrando-se apenas de que Helena fora a primeira a fazer-lhe conhecer os prazeres da maternidade. Os olhos da mãe estavam cheios de lágrimas; e, beijando a filha, exclamou: - Helena! Minha filha...

Helena conservava-se calada. Acabava de aspirar o derradeiro suspiro do seu último filho.

Nesse momento Moina entrava seguida de Paulina, sua criada de quarto, a dona do hotel e o médico. A marquesa conservava entre as suas a mão gelada da filha e a contemplava com verdadeiro pesar. Desesperada pela desgraça, a viúva do marinheiro, que se tinha salvo de um naufrágio conservando apenas da sua bela família um único filho, disse numa voz horrível, dirigindo-se à mãe: - Tudo isto é obra sua! Se tivesse sido para mim o que.





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