A Mulher de Trinta Anos - Cap. 6: A velhice de uma mãe culpada Pág. 193 / 205

Tocava e cantava tão bem no seu tempo! Mas como o camarote de condessa está sempre invadido por uma multidão de admira dores, e incomodaria a jovem, de quem já se fala como de uma grande coquete, a pobre mãe não vai nunca aos Italianos.

- A senhora de Saint-Héreen - dizia uma moça solteira - oferece à sua mãe umas noites deliciosas, um salão aonde vai toda Paris.

- Um salão onde ninguém presta atenção à marquesa - tornava o parasita.

- O fato é que a senhora d’Aiglemont nunca está só - dizia um rapaz pretensioso, tomando o partido das jovens senhoras.

- De manhã - replicava o velho observador em voz baixa -, de manhã, a querida Moina dorme. As quatro horas a querida Moina está no Bosque. A noite, a querida Moina vai ao baile ou ao teatro... Mas é certo que a senhora d’Aiglemont tem a oportunidade de ver sua querida filha enquanto esta se veste ou durante o jantar, quando a querida Moina janta por acaso com a sua mãe.

- Não faz oito dias, senhor - disse o parasita, tomando pelo braço um tímido preceptor, recém- chegado à casa em que se encontrava -, vi essa pobre mãe triste e só junto ao fogo. - O que a senhora tem?, perguntei-lhe. A marquesa fitou-me sorrindo; mas com certeza tinha chorado. - Pensava, respondeu-me ela, que é bem singular encontrar-se só, depois de ter tido cinco filhos; mas são coisas do nosso destino! E depois, sou feliz, quando sei que Moina se diverte! - A marquesa podia confiar em mim, que conheci seu marido. Era um pobre homem e foi bem feliz por ter casado com ela; devia-lhe certamente o pariato e as funções que tinha na corte de Carlos X.

Mas insinuam-se tantos erros nas conversações tidas na sociedade, fazem-se com tanta leviandade desgraças tão profundas, que o historiador dos costumes é obrigado a pesar com sensatez as asserções descuidadamente emitidas por tantos indiferentes.





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