Esses pensamentos religiosos, tão naturais nos corações dos velhos, flutuavam esparsos na alma da senhora d’Aiglemont; achavam-se aí meio luminosos, ora ocultos, ora completamente desabrochados como flores atormentadas à superfície das águas durante uma tempestade. Sentara-se cansada, enfraquecida por uma longa meditação, por um desses devaneios em que surge toda uma existência desenrolando-se ante os olhos dos que pressentem a morte.
Essa mulher, envelhecida antes do tempo, teria oferecido um quadro curioso a algum poeta que passasse pelo bulevar. Vendo-a sentada à fresca sombra de uma acácia, todos poderiam ler uma das mil coisas escritas naquela face pálida e fria, apesar dos raios quentes do sol. Seu rosto, cheio de expressão, representava qualquer coisa mais grave ainda do que uma vida ao declinar, ou mais profunda do que uma alma oprimida pela experiência. Era uma dessas fisionomias que, entre mil desdenhadas porque não possuem cará ter, nos fazem parar um momento, nos dão o que pensar; como entre mil quadros de um museu, sentimo-nos fortemente impressionados, ou pela cabeça sublime em que