A Mulher de Trinta Anos - Cap. 6: A velhice de uma mãe culpada Pág. 205 / 205

.. Despertada por esse choro, a marquesa pôde ainda olhar para sua querida Moina; depois, ao ruído dos soluços, que pareciam querer despedaçar aquele seio delicado em desordem, contemplou a filha, sorrindo. Esse sorriso provava à jovem matricida que o coração de uma mãe é um abismo no fundo do qual se encontra sempre o perdão. Logo que o estado da marquesa foi conhecido, mandaram chamar o médico e os netos da senhora d’Aiglemont. A jovem marquesa e os filhos chegaram ao mesmo tempo que os médicos, formaram uma assembléia bastante imponente, silenciosa, inquieta, a que se reuniram os criados. A jovem marquesa, não ou vindo nenhum ruído, foi bater mansamente à porta do quarto. A esse sinal, Moina, despertada sem dúvida da sua dor, abriu bruscamente a porta de par em par, lançou uns olhares desvairados para aquela reunião de família e mostrou-se numa desordem que dizia mais que as palavras. Ao aspecto daquele vivo remorso, todos emudeceram. Era fácil ver os pés da marquesa hirtos e estendidos convulsivamente no leito de morte. Moina encostou-se à porta, olhou para os parentes e disse com voz cavernosa: Perdi minha mãe!

Paris, 1828-1844.





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