A Mulher de Trinta Anos - Cap. 1: Primeiros erros Pág. 3 / 205

A magnífica parada comandada pelo imperador devia ser a última daquelas que excitaram por tanto tempo a admiração dos parisienses e dos estrangeiros. A vetusta guarda ia executar pela última vez as sábias manobras, cuja pompa e precisão maravilharam, algumas vezes, até mesmo esse gigante, que se preparava então para o seu duelo com a Europa. Um sentimento triste levava as Tulherias uma população brilhante e curiosa. Cada um parecia adivinhar o futuro, e talvez pressentia que mais de uma vez a imaginação teria de retraçar o quadro dessa cena, quando esses tempos heróicos da França adquirissem, como hoje, cores quase fabulosas.

- Vamos mais depressa, meu pai! - dizia a moça com ar travesso, arrastando o velho. - Ouço os tambores.

- São as tropas que entram nas Tulherias - respondeu o velho.

- Ou que desfilam ... Vejo toda a gente voltar!- replicou a jovem com um mau-humor infantil que fez o pai sorrir.

- A parada só começa ao meio-dia e meia - disse o velho, quase correndo atrás da impaciente filha.

Vendo-se o movimento que ela imprimia ao braço direito, dir-se-ia que assim acelerava o passo. A sua mãozinha, bem enluvada, amarrotava impacientemente um lenço e semelhava-se ao remo de um barco que sulca as ondas. O ancião sorria por momentos, mas de vez em quando certa preocupação entristecia-lhe o rosto magro. Seu amor por aquela encantadora criatura tanto o fazia admirar o presente como temer o futuro. Parecia dizer intimamente: “Ela é feliz hoje; será sempre?”. Porque os velhos geralmente tendem a turvar com seus pesares o futuro dos jovens. Quando o pai e a filha chegaram ao peristilo do pavilhão em cujo topo flutuava a bandeira tricolor e por onde os passantes seguem do jardim das Tulherias para o Carrousel, os guardas





Os capítulos deste livro