Essa lição cruel e triste é sempre o fruto das nossas primeiras mágoas. A marquesa sofria verdadeiramente pela primeira e única vez na sua vida, talvez. Com efeito, não será um erro crer que os sentimentos se reproduzem? Uma vez desabrochados, não existem sempre no fundo do coração? Aí adormecem e despertam ao sabor dos acidentes da vida; mas aí permanecem, e essa permanência modifica necessariamente a alma. Assim, qualquer sentimento teria apenas um grande dia, o dia mais ou menos longo da sua primeira tempestade. Assim, a dor, o mais constante dos nossos sentimentos, só seria realmente viva na sua primeira erupção; e as suas outras crises iriam enfraquecendo, ou por que nos fôssemos acostumando a ela, ou por uma lei da nossa natureza que, para se manter viva, opõe a essa força destrutiva uma força igual mas inerte, firmada nos cálculos do egoísmo. Mas entre todos os sofrimentos, a qual pertencerá este nome de dor? A perda dos pais é um desgosto para o qual a natureza preparou os homens; o mal físico é passageiro, não abrange a alma, e se persiste já não é um mal, é a morte.