O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 7: As Aventuras de Charles Augustus Milverton Pág. 199 / 363

Não é um crime vulgar. Há muito tempo que andávamos com este Sr. Milverton debaixo de olho e, aqui entre nós, ele era um patife. Sabe-se que tinha documentos que utilizava para fazer chantagem. Esses documentos foram todos queimados pelo assassino. Não foi roubado qualquer artigo de valor, pois é provável que os criminosos fossem homens de boa posição, cujo único objectivo fosse evitar um escândalo social.

- Criminosos? - perguntou Holmes. - plural?

- Sim, eram dois. Quase foram apanhados em flagrante. Temos as suas pegadas e a sua descrição, e aposto dez para um que os apanhamos. O primeiro tipo foi demasiado rápido, mas o segundo foi apanhado pelo ajudante-de-jardineiro e só conseguiu escapar depois de certa luta. Era um homem de estatura média, mas forte... com queixo quadrado, pescoço grosso, bigode e tinha uma máscara nos olhos.

- Isso é bastante vago - disse Sherlock Holmes. - Até podia ser uma descrição do Watson!

- É verdade - disse o inspector, divertido. - Podia ser uma descrição do Dr. Watson.

- Bom, lamento não o poder ajudar, Lestrade - disse Holmes. - O facto é que eu conhecia esse tal Milverton, que considerava um dos homens mais perigosos de Londres, e penso que há determinados crimes que a lei não pode impedir e que, portanto, justificam, em certa medida, vingança privada. Não, não vale a pena insistir. Já tornei uma decisão. A minha simpatia vai para o criminoso e não para a vítima e não me encarregarei deste caso.

Holmes não me dissera uma palavra que fosse sobre a tragédia que tinhamos presenciado, mas notei durante toda a manhã que ele estava extremamente pensativo, dando-me a impressão, dado o seu olhar absorto e modos distraídos, que se esforçava por se lembrar de qualquer coisa.





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