- Criminosos? - perguntou Holmes. - plural?
- Sim, eram dois. Quase foram apanhados em flagrante. Temos as suas pegadas e a sua descrição, e aposto dez para um que os apanhamos. O primeiro tipo foi demasiado rápido, mas o segundo foi apanhado pelo ajudante-de-jardineiro e só conseguiu escapar depois de certa luta. Era um homem de estatura média, mas forte... com queixo quadrado, pescoço grosso, bigode e tinha uma máscara nos olhos.
- Isso é bastante vago - disse Sherlock Holmes. - Até podia ser uma descrição do Watson!
- É verdade - disse o inspector, divertido. - Podia ser uma descrição do Dr. Watson.
- Bom, lamento não o poder ajudar, Lestrade - disse Holmes. - O facto é que eu conhecia esse tal Milverton, que considerava um dos homens mais perigosos de Londres, e penso que há determinados crimes que a lei não pode impedir e que, portanto, justificam, em certa medida, vingança privada. Não, não vale a pena insistir. Já tornei uma decisão. A minha simpatia vai para o criminoso e não para a vítima e não me encarregarei deste caso.
Holmes não me dissera uma palavra que fosse sobre a tragédia que tinhamos presenciado, mas notei durante toda a manhã que ele estava extremamente pensativo, dando-me a impressão, dado o seu olhar absorto e modos distraídos, que se esforçava por se lembrar de qualquer coisa.