MADALENA
- Pois coitados!..
MARIA
- Coitado do povo! Que mais valem as vidas deles? Em pestes e desgraças assim, eu intendia, se governasse, que o serviço de Deus e do rei me mandava ficar, até à última, onde a miséria fosse mais e o perigo maior, para atender com remédio e amparo aos necessitados. Pois, rei não quer dizer pai comum de todos?
JORGE
- A minha donzela Teodora! Assim é, filha, mas o mundo é doutro modo, que lhe faremos?
MARIA
- Emendá-lo.
JORGE
(para Madalena, baixo)
- Sabeis que mais? Tenho medo desta criança.
MADALENA
(do mesmo modo)
- Também eu.
JORGE
(alto)
- Mas, enfim, resolveram sair; e sabereis mais que, para corte e «buen-retiro» dos nossos cinco reis, os senhores governadores de Portugal por D. Filipe de Castela, que Deus guarde, foi escolhida esta nossa boa vila de Almada, que o deveu à fama de suas águas sadias, ares lavados e graciosa vista.