Frei Luís de Sousa - Cap. 2: Acto Segundo Pág. 47 / 122

E eu agora é que faço de forte e assisada, que zombo de agouros e de sinas… para a animar, coitada!… que aqui entre nós, Telmo, nunca tive tanta fé neles. Creio, oh, se creio! que são avisos que Deus nos manda para nos preparar. E há… oh! há grande desgraça a cair sobre meu pai… decerto! e sobre minha mãe também, que é o mesmo.

TELMO

(disfarçando o terror de que está tomado)

- Não digais isso… Deus há-de fazê-lo por melhor, que lho merecem ambos (cobrando ânimo e exaltando-se). Vosso pai, D. Maria, é um português às direitas. Eu sempre o tive em boa conta; mas agora, depois que lhe vi fazer aquela acção, que o vi, com aquela alma de português velho, deitar as mãos às tochas e lançar ele mesmo o fogo à sua própria casa; queimar e destruir numa hora tanto de seu haver, tanta coisa de seu gosto, para dar um exemplo de liberdade, uma lição tremenda a estes nossos tiranos… Oh, minha querida filha, aquilo é um homem! A minha vida, que ele queira, é sua.





Os capítulos deste livro