Vim bem coberto com esta capa…
TELMO
- Não há perigo nenhum, meu senhor; podeis estar à vontade e sem receio. Esta madrugada muito cedo estive no convento, e sei pelo senhor Frei Jorge que está, se pode dizer, tudo concluído.
MANUEL
- Pois ainda bem, Maria. E tua mãe, tua mãe, filha?
MARIA
- Desde ontem está outra…
MANUEL
(em acção de partir)
- Vamos a vê-la.
MARIA
(retendo-o)
- Não, que dorme ainda.
MANUEL
- Dorme? Oh, então melhor. Sentemo-nos aqui, filha, e conversemos. (Toma-lhe as mãos; sentam-se.) Tens as mãos tão quentes! (Beija-a na testa.) E esta testa, esta testa!… Escalda! Se isto está sempre a ferver! Valha-te Deus, Maria! Eu não quero que tu penses.
MARIA
- Então que hei-de eu fazer?
MANUEL
- Folgar, rir, brincar, tanger na harpa, correr nos campos, apanhar das flores… E Telmo que te não conte mais histórias, que te não ensine mais trovas e solaus.