Pois olha: hoje é sexta-feira…
MADALENA
- Sexta-feira! (aterrada) Ai que é sexta-feira!
MANUEL
- Para mim tem sido sempre o dia mais bem estreado de toda a semana.
MADALENA
- Sim!
MANUEL
- É o dia da paixão de Cristo, Madalena.
MADALENA
(caindo em si)
- Tens razão.
MANUEL
- É hoje sexta-feira; e daqui a oito… vamos - daqui a quinze dias bem contados, não saio de casa. Estás contente?
MADALENA
- Meu esposo, meu marido, meu querido Manuel!
MANUEL
- E tu, Maria?
MARIA
(amuada)
- Eu não.
MANUEL
(para Madalena)
- Queres tu saber porque é aquele amuo? É que eu precisava de ir hoje a Lisboa…
MADALENA
- A Lisboa… hoje!
MANUEL
- Sim; e não posso deixar de ir. Sabes que por fim desta minha pendência com os governadores, eu fiquei em dívida - quem sabe se da vida? Miguel de Moura e esses meus degenerados parentes eram capazes de tudo! - mas o certo é que fiquei em muita dívida ao arcebispo.