Escritor, poeta e filósofo, nasceu em 1842, em Ponta Delgada, na Ilha de S. Miguel (Açores), e nessa mesma cidade se suicidou a 11 de Setembro de 1891.
Antero de Quental é uma figura singular e cimeira na literatura portuguesa oitocentista: por ter sido o mentor de toda a Geração de 70, pelo drama filosófico e espiritual que foi a sua vida, pelas metamorfoses e tensões por que passou a sua criação poética e porque foi o primeiro escritor que nunca dissociou a condição (e o trabalho) de poeta da reflexão estética acerca da essência e função civilizadora da poesia e da arte no contexto duma filosofia da História - abrindo deste modo um espaço de modernidade nas Letras portuguesas.
Na Universidade de Coimbra (onde se formou em Direito, entre 1858 e 1864) foi o principal impulsionador dos conflitos académicos que se opunham ao conservadorismo pedagógico e cultural, tomando parte em várias manifestações académicas. É por esta altura que contacta com os novos autores e correntes europeias - o socialismo utópico de Proudhon, o positivismo de Comte, o hegelianismo, o darwinismo, as doutrinas de Taine, Michelet, Renan, o romantismo social de Hugo - e, segundo confessará mais tarde, perde a fé. Foi neste ambiente de efervescência revolucionária que desencadeou, com a célebre Carta a Castilho, de 1865, a "Questão do Bom Senso e Bom Gosto" (ou Questão Coimbrã) - polémica que opôs um novo espírito científico e europeu e uma nova poesia social, partilhados pelos jovens universitários e futuros intelectuais, à generalizada indiferença cultural e ao sentimentalismo ultra-romântico.