LIVRO PRIMEIRO – CAPÍTULO I – PANTEÍSMO
I
Aspiração… desejo aberto todo
Numa ânsia insofrida e misteriosa…
A isto chamo eu vida: e, deste modo,
Que mais importa a forma? silenciosa
Uma mesma alma aspira à luz e ao espaço
Em homem igualmente e astro e rosa!
A própria fera, cujo incerto passo
Lá vaga nos algares da deveza,
Por certo entrevê Deus - seu olho baço
Foi feito para ver brilho e beleza…
E se ruge, é que a agita surdamente
Tua alma turva, ó grande natureza!
Sim, no rugido há uma vida ardente,
Uma energia íntima, tão santa
Como a que faz trinar a ave inocente…
Há um desejo intenso, que alevanta
Ao mesmo tempo o coração ferino,
E o do ingénuo cantor que nos encanta…
Impulso universal!