Malvina aproximou-se de manso e sem ser pressentida para junto da cantora, colocando-se por detrás dela esperou que terminasse a última copia.
- Isaura!... - disse ela pousando de leve a delicada mãozinha sobre o ombro da cantora.
- Ah! é a senhora?! - respondeu Isaura voltando-se sobressaltada. - Não sabia que estava aí me escutando.
- Pois que tem isso?.., continua a cantar... tens a voz tão bonita!... mas eu antes quisera que cantasses outra coisa; por que é que você gosta tanto dessa cantiga tão triste, que você aprendeu não sei onde?...
- Gosto dela, porque acho-a bonita e porque... ah! não devo falar...
- Fala, Isaura. Já não te disse que nada me deves esconder, e nada recear de mim?...
- Porque me faz lembrar de minha mãe, que eu não conheci, coitada!... Mas se a senhora não gosta dessa cantiga, não a cantarei mais.
- Não gosto que a cantes, não, Isaura. Hão de pensar que és maltratada, que és uma escrava infeliz, vítima de senhores bárbaros e cruéis. Entretanto passas aqui uma vida que faria inveja a muita gente livre. Gozas da estima de teus senhores. Deram-te uma educação, como não tiveram muitas ricas e ilustres damas que eu conheço. És formosa, e tens uma cor linda, que ninguém dirá que gira em tuas veias uma só gota de sangue africano. Bem sabes quanto minha boa sogra antes de expirar-te recomendava a mim e a meu marido.