Havia um, porém, que, como atrás disse, sempre me distinguiu pelo prazer da minha companhia, como dizia, a qual, como também tinha a delicadeza de afirmar, lhe era muito agradável. Mas, nessa época, nada mais houve.
Passei muitas horas melancólicas em Bath, depois de todos terem parti- do, pois, apesar de ir a Brístol várias vezes, para tratar dos meus assuntos e levantar dinheiro, escolhera Bath para residir. Em virtude das minhas boas relações com a mulher em cuja casa me instalara no Verão, descobri que no Inverno viveria ali mais barato do que noutro lado qualquer, mas passei um Inverno tão triste quanto o Outono fora alegre e, com o estreitamento das minhas relações com a referida mulher, não pude evitar falar-lhe das minhas preocupações, sobretudo da penúria das minhas circunstâncias, por via dos prejuízos que o mar causara à minha fortuna. Mas disse-lhe também que tinha mãe e irmão bem instalados na Virgínia e que já escrevera à primeira a expor-lhe a minha situação e o grande prejuízo que sofrera, que atingia quase quinhentas libras; ficou, assim, a saber que esperava provisões desse lado, o que era verdade. E como os barcos iam de Brístol ao rio lorque, na Virgínia, e regressavam, regra geral, em menos tempo que se partissem de Londres, e o meu irmão tinha agentes principalmente em Bristol, pareceu-me muito melhor aguardar resposta à minha carta em Bath do que ir para Londres, onde, de resto, não conhecia ninguém.
A minha nova amiga pareceu muito comovida com a minha situação e levou a amabilidade ao extremo de reduzir tanto o preço da minha alimentação, durante o Inverno, que me convenceu de que não ganhava nada comigo. Também não me aceitou dinheiro nenhum pelo alojamento durante essa estação.
Chegada a Primavera, continuou a ser tão amável comigo quanto lhe foi possível e permaneci em sua casa durante algum tempo, até que foi necessário alterar este estado de coisas.
