Para mais, quando uma mulher se encontra desolada e sem conselheiro, é como uma bolsa de dinheiro ou uma jóia caída na estrada, à mercê de quem passar primeiro. Se calha a encontrá-la um homem virtuoso e de princípios elevados, manda apregoar o achado e é possível que o legítimo dono a receba, mas quantas vezes não sucede, ao contrário, ser o achado r pessoa sem escrúpulos, que considera sua a presa?
Este era, evidentemente, o meu caso, pois não passava agora de uma pobre criatura sozinha, sem auxílio, sem conselhos, sem ter quem guiasse a minha conduta. Sabia o que queria, mas não sabia como atingir o objectivo em vista pelos meios directos. Aspirava a um modo de vida tranquilo e estável e, se tivesse encontrado um marido honesto e bom, seria uma esposa tão honesta e fiel como a própria virtude. Se antes procedera de outra maneira, a maldade chegara sempre pela porta da necessidade, não do desejo, e eu avaliava muito bem o que era uma vida estável, precisamente por não a ter, e, por isso, nada faria para a pôr em risco, se tivesse a felicidade de a obter. As dificuldades que atravessara ajudar-me-iam a ser ainda melhor esposa do que antes, e em nenhuma das vezes que fora esposa dera ao meu marido a menor contrariedade a respeito do meu comportamento.
Mas isso não valia de nada, pois não encontrei perspectivas encoraja- doras. Esperei, vivi regularmente e com a frugalidade que convinha à minha situação, mas não surgiu nada e o meu capital sumia-se a olhos vistos. Não sabia que fazer e o terror da pobreza iminente deprimia-me. Tinha algum dinheiro, mas ignorava a melhor maneira de o colocar e, de qualquer modo, o juro que rendesse não chegaria para me manter, pelo menos em Londres.
Por fim, ofereceu-se uma nova perspectiva.
