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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 17
Contudo, depois, a filha foi honesta e entregou-mo, não sem, primeiro, me ter verberado cruelmente a esse respeito.

Agora era, sim, uma pobre fidalguinha sem eira nem beira e naquela mesma noite ver-me-ia abandonada na rua, pois a filha da minha ama levou tudo quanto havia em casa e eu fiquei sem um tecto a que me acolher e sem uma côdea para comer. Parece, porém, que alguns vizinhos, sabedores da minha situação, se compadeceram tanto de mim que informaram a senhora em casa de quem estivera uma semana, como atrás mencionei, e esta mandou imediatamente uma criada buscar-me. Com esta vieram, por seu livre-arbítrio, duas das filhas. Acompanhei-as com armas e bagagens, como sói dizer-se, e, podeis crer, de coração bem contente; fora tal o susto que apanhara ao ver-me só que já não queria ser fidalga e de boa vontade seria criada, e criada daquilo que entendessem conveniente.

Mas a minha nova e generosa ama excedia em tudo a boa mulher com quem eu estivera antes, até em fortuna - em tudo, digo, menos em honestidade, embora fosse uma senhora justíssima. É meu dever, porém, não deixar de afirmar em todas as ocasiões que a primeira, apesar de pobre, era tão honesta quanto é possível sê-lo.

Mal partira para casa desta boa fidalga quando a primeira senhora, isto é, a esposa do prefeito, mandou as duas filhas buscar-me, e o mesmo fez outra família que se interessara por mim e me dera trabalho quando era a fidalguinha. Ficaram zangadas, sobretudo a esposa do prefeito, que não se resignava por a amiga me ter roubado, como disse; era sua por direito, afirmava, pois fora a primeira a reparar em mim. Mas as senhoras que me tinham acolhido não me deixaram partir e eu, embora soubesse que qualquer das outras me trataria muito bem, sabia igualmente que em parte alguma poderia estar melhor que ali.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 17

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7