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Capítulo 2: A vida amorosa de Moll Flanders

Página 189
No entanto, li o melhor que pude todos os documentos e disse-lhe que achava tudo muito esclarecedor, mas que escusava de se ter dado ao incómodo de os trazer, pois tínhamos muito tempo. Respondeu-me que podíamos ter muito tempo na minha opinião, mas que, na sua, chegara o momento.

Como trazia ainda outros papéis que não desenrolara, perguntei-lhe o que eram.

- Eis a pergunta que desejava me fizesse! - desenrolou-os e retirou uma caixinha de chagrém, da qual tirou, e me entregou, um belo anel de diamantes.

Não podia recusá-lo, mesmo que tivesse essa intenção, pois meteu-mo no dedo. Fiz-lhe, portanto, uma vénia e aceitei. Em seguida tirou novo anel e disse, guardando-o na algibeira:

- Este é para outra ocasião.

- Consinta que o veja, ao menos - pedi, a sorrir. - Calculo o que seja e creio que está louco.

- Estaria louco se tivesse feito menos do que fiz - afirmou, mas sem mo mostrar.

- Mostre-mo - insisti, pois tinha grande desejo de o ver.

- Espere e veja primeiro isto.

Endireitou o papel, leu-o e, imaginai!, era uma licença para nos casarmos!

- Enlouqueceu?! - exclamei. - Pelo que vejo, estava absolutamente convencido de que eu aceitaria e cederia à primeira palavra, ou então decidido a não aceitar uma negativa.

- A última hipótese é a verdadeira.

- Olhe que talvez se engane...

- Não, não! É capaz de pensar tal coisa? Não me pode recusar, não pode! - E desatou a beijar-me tão violentamente que não consegui livrar-me dele.

Havia uma cama no quarto e, no fogo da paixão, abraçou-me de surpresa, atirou-me para cima dela e, sem deixar de me apertar com força nos braços, mas também sem qualquer sugestão de indecência, suplicou-me que o aceitasse com tantos rogos, argumentos e protestos de afecto, além de jurar que não me largaria enquanto não prometesse desposá-lo, que por fim não tive outro remédio senão dizer:

- Está, de facto, decidido a não ser recusado!

- Estou! Não devo ser recusado, não serei recusado, não posso ser recusado!

- Seja - aquiesci, dando-lhe um pequeno beijo -, nesse caso não será recusado.

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Capa do livro A Vida Amorosa de Moll Flanders
Páginas: 359
Página atual: 189

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Prefácio 1
A vida amorosa de Moll Flanders 7