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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 10
Mas erra sempre porque é ou demasiado superficial ou demasiado profundo para o caso em questão; e muitos miúdos da escola raciocinariam melhor que ele. Conheci um rapazito de oito anos cuja infalibilidade no jogo do «par ou ímpar» causava a admiração de toda a gente. É um jogo muito simples, jogado com berlindes. Um dos jogadores esconde na mão um certo número de berlindes e pergunta ao adversário: «par ou ímpar?» Se este adivinhar, ganha um berlinde, se se enganar, perde um. O rapaz a quem me refiro ganhou os berlindes todos da escola. É claro que ele tinha um método para adivinhar; e este residia na simples observação e apreciação da astúcia do adversário. Supondo que o adversário era um pateta e que, levantando a mão fechada, lhe pergunta «par ou ímpar?», o nosso rapaz responde ímpar e perde; mas à segunda tentativa ganha porque disse para com os seus botões: «O pateta pôs par no primeiro jogo e só é suficientemente esperto para pôr ímpar no segundo. Vou por isso apostar em ímpar.» E aposta ímpar e ganha. Com um pateta um pouco menos simplório que o primeiro, o seu raciocínio seria o seguinte: «Este viu que no primeiro jogo apostei ímpar e no segundo o seu primeiro impulso será uma variação simples de par para ímpar como fez o outro pateta; mas pensando melhor descobre que é uma variação demasiado simples e finalmente decide jogar par como da primeira vez. Por isso aposto par.» E aposta par e ganha. Ora bem, este tipo de raciocínio do rapaz de quem os colegas dizem que têm sorte, o que é em última análise?

- É simplesmente - disse eu - uma identificação do intelecto do jogador com o do seu adversário.

- Pois é - disse Dupin. - E quando perguntei ao rapaz como é que ele se conseguia identificar tão completamente com a mente do seu opositor; o que era no fundo a base do seu êxito, recebi a seguinte resposta: «Quando quero descobrir a inteligência ou a estupidez, a maldade ou a bondade de qualquer pessoa, ou quais são os seus pensamentos num dado momento, componho a expressão do meu rosto aproximando-a o mais possível da expressão do dele e depois fico à espera de ver quais os sentimentos ou pensamentos que surgem no meu coração ou no meu espírito, como a condizer ou a corresponder à expressão.»

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Capa do livro A Carta Roubada
Páginas: 19
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