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Capítulo 1: Capítulo 1

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Os algebristas, porém, que são eles próprios pagãos, acreditam nas «fábulas pagãs» e fazem as inferências, não tanto por lapso da memória como por uma incompreensível perturbação mental. Resumindo, nunca encontrei um único matemático em que pudesse confiar para além das suas raízes e equações; não conheço um único que não considere clandestinamente, como artigo de fé, que x2 + px é absoluta é incondicionalmente igual a q. Se te queres divertir, diz a um desses senhores, à guisa de experiência, que pode haver ocasiões em que x2 + px não é completamente igual a q; é quando lhe tiveres feito compreender aquilo que lhe queres dizer afasta-te rapidamente» porque de certeza que ele há-de querer bater-te.

«Quero dizer- continuou Dupin enquanto eu me ria destas observações - que se o ministro fosse apenas um matemático, o prefeito não precisaria de me dar este cheque. Porém, eu sabia que ele é um matemático e um poeta e adaptei as minhas medidas à sua capacidade, referindo-me às circunstâncias que o rodeavam. Sabia também que é um cortesão e um intriguista ousado. Um homem destes estaria inevitavelmente ao corrente dos métodos da polícia. Não podia deixar de prever (e os factos confirmaram-no) as armadilhas que lhe prepararam. Deveria prever, reflecti eu, que a sua casa seria revistada em segredo. As suas ausências frequentes de casa durante a noite, que o nosso bom prefeito saudou com uma ajuda positiva ao seu êxito, considerei-as eu como ruses para facilitar as livres buscas da polícia e persuadi-los rapidamente (como conseguiu efectivamente) que a carta não se encontrava em casa. Senti também que toda a série de ideias relativas aos princípios invariáveis da acção da polícia em casos de buscas (ideias essas que tive o trabalho de te explicar há pouco), senti, dizia eu, que toda essa série de ideias passou necessariamente pela cabeça do ministro. E, obrigatoriamente, levou-o a desprezar qualquer esconderijo vulgar.

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Capa do livro A Carta Roubada
Páginas: 19
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