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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 18
Ao examinar as bordas do papel verifiquei que estavam mais rasgadas do que seria natural. Tinham um aspecto quebrado que se verifica quando um papel rijo, tendo sido dobrado e calcado, é dobrado na direcção inversa pelos mesmos pontos onde fora dobrado anteriormente. Esta descoberta foi suficiente. Fiquei perfeitamente convencido que a carta fora virada do avesso como uma luva, endereçada de novo e de novo selada. Despedi-me do ministro e saí, deixando uma caixa de rapé em ouro em cima da mesa.

»Na manhã seguinte passei em casa de D... à procura da caixa e voltámos a mergulhar na viva conversa do dia anterior. Nessa altura, porém, ouviu-se uma detonação como um tiro de pistola, mesmo por baixo das janelas da casa, seguido por uma série de gritos de terror e exclamações da multidão. D... precipitou-se para uma das janelas, abriu-a e espreitou para a rua. Eu dirigi-me ao porta-cartas, peguei na carta, enfiei-a no bolso e substituía por um fac-símile (quanto ao aspecto exterior) que tinha cuidadosamente preparado em minha casa, imitando o sinete de D... por meio de um selo feito com pão.

»O tumulto da rua fora provocado por um homem com um mosquete, que o disparara no meio de uma multidão de mulheres e crianças. Veio a verificar-se que fora disparado sem bala e que o tipo era um bêbedo ou um lunático. Quando o levaram, D... fechou a janela, onde eu o seguira logo que me apoderei do objecto em questão. Pouco depois despedi-me. O pretenso lunático era um dos meus criados.

- Mas qual foi o teu objectivo - perguntei eu - ao substituir a carta por um fac-símile? Não teria sido melhor, logo na primeira visita, pegares nela abertamente e saíres?

- D... - respondeu Dupin - é um homem desesperado e capaz de tudo. Em casa também não lhe faltam criados que lhe são dedicados. Se eu tivesse feito o atrevido gesto que me sugeres, talvez nunca saísse vivo da presença do ministro. O bom povo de Paris talvez nunca mais ouvisse falar de mim. Mas, além destas considerações, tinha outro fim em vista. Sabes quais são as minhas simpatias políticas.

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Capa do livro A Carta Roubada
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