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Capítulo 1: Ligeia

Página 9
ah, podeis ter a certeza,
Jamais poderá ser esquecido!
Com o seu Espectro para sempre perseguido

Por uma multidão que o não alcança,
Ao longo de um círculo que eternamente volta Ao mesmíssimo ponto,
E muita Loucura e mais Pecado ainda
E Horror são o âmago do enredo.
Mas vede: por entre a multidão de mimos
Irrompe uma forma rastejante!
Algo rubro de sangue que em contorções se acerca
Da solidão daquela cena!
E torce-se e retorce-se; e em mortais agonias
Os mimos lhe servem de alimento,
E os serafins gemem ante os dentes do réptil
Em codgulos humanos empapados.

Apagam-se as luzes, todas elas!
E sobre cada trémula figura
O pano, uma mortalha funerária,
Cai com o ímpeto de uma tempestade,
E os anjos, todos pálidos, exangues,
Erguendo-se e retirando os véus, afirmam
Que a peça é a tragédia que se chama «Homem»
E o seu herói o Réptil Vencedor.
- Ó meu Deus - quase gritou Ligeia, erguendo-se de um salto e levantando os braços aos céus num movimento espasmódico, mal cheguei ao final destes versos. - Ó meu Deus! Ó Pai Divino! Terá isto de ser inapelavelmente assim? Não haverá este vencedor de ser alguma vez vencido? Não somos nós parte e porção de vós? Quem, afinal, conhece os mistérios da vontade, ou o seu vigor? O homem não se entrega aos anjos, nem totalmente à morte, a não ser pela fraqueza da sua débil vontade. E então, como que exausta devido à emoção, deixou cair os braços pálidos e regressou solenemente ao seu leito de morte. E, ao exalar os últimos suspiros, acercando eu o ouvido, distingui de novo as palavras finais da passagem de Glanvill: «O homem não se entrega aos anjos, nem totalmente à morte, a não ser pela fraqueza da sua débil vontade.

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Capa do livro Ligeia
Páginas: 20
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Ligeia 1