O Coração Revelador - Cap. 1: O coração revelador Pág. 6 / 7

- Levei-os, finalmente, ao quarto dele. Mostrei-lhes os seus tesouros, perfeitamente seguros, perfeitamente em ordem. No entusiasmo da minha confiança, trouxe cadeiras para o quarto e convidei-os a repousar ali do seu cansaço enquanto eu próprio, com a louca audácia de um triunfo perfeito, instalava a minha cadeira sobre o preciso lugar sob o qual repousava o corpo da vítima.

Os oficiais estavam satisfeitos. Os meus modos tinham-nos convencido. Sentia-me singularmente à vontade. Sentaram-se e falaram de coisas familiares, a que eu respondia alegremente. Mas passado algum tempo senti que empalidecia e desejei que se fossem embora. Doía-me a cabeça e parecia que os ouvidos me zumbiam: mas eles continuavam sentados a conversar. O zumbido tornou-se mais nítido - persistiu e tornou-se ainda mais nítido; falei mais e mais alto para me livrar da impressão, mas ela mantinha-se e era cada vez mais definida - até que finalmente descobri que o som não estava nos meus ouvidos.

Não há dúvida de que fiquei então muito pálido; mas falei mais fluentemente e em tom mais alto. Porém, o som aumentava - e que podia eu fazer? Era um som baixo, abafado e rápido - o som que faria um relógio quando embrulhado em algodão. Respirava com dificuldade - e os oficiais não ouviam nada. Falei mais depressa, mais veementemente; mas o som aumentava regularmente. Levantei-me e pus-me a discutir sobre ninharias, numa voz aguda e com gestos violentos; mas o som aumentava regularmente. Porque é que eles não se iam embora? Andei no quarto de um lado para o outro em passos largos e pesados, como se exasperado pelos comentários dos homens; mas o som aumentava regularmente. Oh, Deus!, que podia eu fazer? Espumava - delirava - injuriava! Atirei com a cadeira em que estava sentado e arrastei-a sobre as tábuas; mas o som cobria tudo e aumentava continuamente.





Os capítulos deste livro