O Escaravelho de Ouro - Cap. 1: O escaravelho de ouro Pág. 11 / 38

Se na verdade és meu amigo, ajudar-me-ás a libertar-me desta excitação. - E que devo fazer?

- É muito fácil. Júpiter e eu vamos partir em expedição para as colinas do continente e precisamos do auxílio de uma pessoa de confiança. Tu és o único em quem confiamos. Sejamos ou não bem sucedidos, esta excitação em que agora me vês, desaparecerá.

- Só desejo ser-te útil- repliquei. - Mas queres dizer que esse escaravelho infernal tem alguma coisa a ver com a tua expedição às colinas?

-Tem, sim.

- Então, Legrand, é-me impossível cooperar num empreendimento de tal modo absurdo.

- Tenho muita, muita pena. Porque teremos assim de ir sozinhos.

- Ir sozinhos! O homem está doido, com certeza! Mas, espera, quanto tempo estarás ausente?

- Provavelmente toda a noite. Partiremos imediatamente e estaremos de regresso, aconteça o que acontecer, ao nascer do Sol.

- E dás-me a tua palavra de honra que, passado esse capricho, resolvido rodeada de oito ou dez carvalhos, aos quais dominava, assim como a todas as outras árvores das redondezas, pela beleza da folhagem e da forma, pelo porte dos seus ramos e pelo seu aspecto majestoso. Ao chegarmos a essa árvore, Legrand voltou-se para Júpiter e perguntou-lhe se seria capaz de trepar por ela. O velho pareceu ficar um tanto abalado pela pergunta e durante alguns segundos não respondeu. Finalmente aproximou-se do vasto tronco, caminhou lentamente em volta dele e examinou-o atentamente. Depois de terminar o exame, disse apenas:

- Sim, Massa, JuP t' epa a qual que' á'vo' e que haja no mundo.

- Então vamos a isso, senão daqui a nada é noite e não veremos bem.

- Até onde tenho de i', Massa? - perguntou Júpiter.

- Sobe primeiro ao tronco principal e depois digo-te onde hás-de ir.





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