É com a mão esque'da que 'acho a lenha.
- Pois é, porque és canhoto. E o teu olho esquerdo fica do mesmo lado que a tua mão esquerda. Ora vamos lá a ver se encontras o olho esquerdo da caveira, ou antes o buraco onde estava o olho esquerdo. Já encontraste?
Houve uma longa pausa. Finalmente o negro perguntou:
- O olho esque'do da cavei'a fica do mesmo lado que a mão esque'da da cavei'a? É que a cavei'a não tem nem um bocadinho de mão. Mas não faz mal, já encont' ei o olho esque'do. Aqui 'tá o olho esque'do. E ago' a o que faço?
- Deixa cair o escaravelho por ele, mas sem largar o fio; tem cuidado.
- Já 'tá, Massa Will. Esta foi fácil; já pus o esca' avelho no olho. Veja se o vê ai de baixo.
Durante este colóquio, Júpiter permanecia completamente invisível; mas o escaravelho ia descendo na ponta do fio e víamo-lo agora brilhando como um globo de ouro brunido iluminado pelos raios do Sol poente, alguns dos quais incidiam ainda sobre a colina em que nos encontrávamos. O escaravelho desceu através dos ramos e se Júpiter largasse o fio viria cair aos nossos pés. Legrand pegou na foice e abriu na vegetação rasteira um círculo de três ou quatro jardas de diâmetro, mesmo por baixo do insecto. Em seguida disse ao negro que largasse o fio e descesse.
Depois de ter cravado um pau com escrupulosa exactidão no sítio onde o escaravelho caíra, o meu amigo tirou do bolso um metro de fita, atou uma das pontas à parte da árvore que ficava mais perto do pau, desenrolou-o até esse pau e continuou a desenrolá-lo na direcção já determinada por esses dois pontos - a árvore e o pau -, até atingir uma distância de cinquenta pés. Júpiter seguia à frente, cortando o mato com a foice. No ponto marcado cravou um segundo pau e em torno deste traçou novo círculo de cerca de quatro pés de diâmetro.