O Escaravelho de Ouro - Cap. 1: O escaravelho de ouro Pág. 14 / 38

- 'tá pod' e, Massa, lá isso 'tá - respondeu o negro daí a momentos.

- Mas não 'tá tão pod' e como eu julgava. Talvez possa avança' mais um bocadinho se fo' sozinho.

- Sozinho?! Que queres dizer.

- O'a, e o esca'avelho, pois. O esca'avelho é muito pesado. E se eu o deixa' cai', hem? O 'amo não vai pa'ti' com o peso dum pob' e neg' o.

- Ah! Malandro! - gritou Legrand, que parecia muito aliviado. Que história é essa de me vires com esses disparates todos? Se deixas cair o escaravelho podes ter a certeza de que te torço o pescoço. Estás a ouvir, Júpiter?

- Sim, Massa, não p'ecisa be'a' assim com o pob'e neg'o.

- Bem, então escuta-me. Se fores por esse ramo fora até onde for possível, sem largar o escaravelho, dou-te um dólar de prata logo que chegares cá abaixo.

- Cá tou, eu, Massa Will - disse o negro daí a nada. - Cá 'tou eu na ponta do 'amo.

- Na ponta!- exclamou Legrand em voz fraca. - Queres dizer que chegaste à ponta do ramo?

- Quase na ponta, Massa e... oooh! Deus de mise'icó'dia! Que é isto aqui na á'vo' e?

- Então - gritou Legrand em voz satisfeita. - Que é?

- Uma cavei' a, Massa. Alguém deixou aqui uma cabeça de homem e os co'vos come'am-lhe a ca'ne toda.

- Uma caveira, dizes tu? Muito bem. Como é que ela está segura ao ramo?

- Vou ve', Massa. Ah! Palav' a de hon' a, que ci' cunstância mais ext' aodiná'ia 'tá p'esa à á'vo'e com um g'ande pa'afuso de fe'o,

- Ora agora, Júpiter, vais fazer exactamente o que eu te disser. Estás a ouvir-me?

- Sim, Massa.

- Então presta atenção. Procura o olho esquerdo da caveira.

- Hum, oh! Não há nenhum olho esque'do.

- Diabos levem a tua estupidez! Sabes distinguir a mão esquerda da direita?

- Sei, sim, senha', cla'o que sei.





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