O Escaravelho de Ouro - Cap. 1: O escaravelho de ouro Pág. 37 / 38

No momento em que deixei a 'cadeira do diabo' a abertura circular desapareceu, e nunca mais voltei a vê-la por mais voltas que desse. O que me parece a astúcia principal de toda esta história é o facto de a abertura circular não ser visível de qualquer ponto abortável (e fiz inúmeras experiências até me convencer disso), a não ser da saliência estreita na parede da rocha.

»Nessa expedição ao Bishop's Hotel fui acompanhado por Júpiter, que, aflito com a minha atitude estranha dos últimos tempos, tinha um cuidado especial em nunca me deixar só. Mas no dia seguinte, levantando-me muito cedo, consegui escapar-lhe e dirigi-me para as colinas à procura da árvore. Depois de muito trabalho consegui encontrá-la. Quando à noite cheguei a casa, o meu criado propunha-se dar-me uma sova. Quanto ao resto da aventura conhece-la tão bem como eu.

- Suponho - respondi - que não encontrámos o tesouro à primeira tentativa por causa do engano de Júpiter, que atirou o escaravelho pela órbita direita da caveira.

- Justamente. Esse engano causou uma diferença de cerca de duas polegadas e meia no ponto de queda do projéctil. E se o tesouro se encontrasse neste ponto o erro pouca importância teria. Mas o ponto de impacte, juntamente com o ponto mais próximo do tronco, representavam apenas duas referências para traçar uma linha recta, de modo que de começo a pequena importância de tal erro foi aumentando à medida que prolongávamos a linha e inutilizou totalmente os nossos esforços quando chegámos a uma distância de cinquenta pés. Se não fosse a minha convicção inabalável que havia ali um tesouro escondido todo o nosso trabalho teria sido em vão.

- Suponho que a caveira, o lançar do projéctil pelo seu olho, foram ideias sugeridas a Kidd pela bandeira pirata.





Os capítulos deste livro