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Capítulo 1: O homem da multidão

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Não havia nada que distinguisse apreciavelmente as duas espécies, para além do que acabo de referir. A sua maneira de vestir pertencia ao género que se define exactamente pelo termo «decente». Eram sem dúvida nobres, comerciantes, advogados, lojistas, jogadores da bolsa - os eupátridas e o trivial da sociedade -, homens sem ocupação e homens activamente embrenhados nos seus assuntos pessoais, que dirigiam negócios sob sua exclusiva responsabilidade. Não me despertavam grande atenção.

A raça dos empregados era bem visível, e nela eu distinguia duas nítidas divisões. Havia os empregados menores de casas de grande aparato jovens cavalheiros de casacos justos, botas luzidias, cabelos cheio~ de brilhantina e lábios arrogantes. À parte uma certa garridice no porte, a que poderei chamar do género caixeiro, à falta de melhor termo, o tipo destes indivíduos parecia-me ser um exacto fac-símile do que fora o supra-sumo do bon ton doze ou dezoito meses atrás. Trajavam os adornos de refugo das pessoas finas; e isto, creio eu, pressupõe à melhor definição de tal classe.

O grupo dos empregados superiores de firmas sólidas, ou seja, dos steady old fellows, saltava aos olhos. Eram reconhecíveis pelos casacos e calças pretos ou castanhos, talhados de modo à assentarem confortavelmente, gravatas e coletes brancos, sapatos largos e de ar sólido e peúgas ou polainas grossas. Todos eles eram ligeiramente calvos e apresentavam a estranha particularidade de terem a orelha direita mais saliente, devido ao longo hábito de servir de suporte à pena. Notei que tiravam ou colocavam sempre o chapéu com ambas as mãos e usavam relógio, com curtas correntes de ouro de modelo resistente e antigo. A sua afectação era a da respeitabilidade, se é que pode existir afectação de tal modo honrosa.

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Os capítulos deste livro:
O homem da multidão 1