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Capítulo 1: O poço e o pêndulo

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O poço e o pêndulo


Impia tortorum longos hic turba furores.
Sanguinis innocui, non satiata, aluit.
Sospite nunc patriá, fracto nunc funeris antro,
Mors ubi clira fuit vita salusque patente
.

Os versos latinos foram compostos para a porta de um mercado que devia ser erigido no local do antigo Clube dos Jacobinos em Paris, e dizem: «O grupo ímpio de torcionários alimentava as suas longas fúrias do sangue dos inocentes e não ficava satisfeito. Agora, que a pátria está salva, o antro da morte foi destruído; onde era a terrível morte, surgirá a vida e a saúde.»

Estava mal - mal de morte com esta longa agonia; e quando finalmente me desamarraram e permitiram que me sentasse foi como se os meus sentidos me abandonassem. A sentença - a terrível sentença de morte - foi a última frase nítida que me chegou aos ouvidos. Depois, o som das vozes inquisitoriais pareceu afogar-se no indefinido zumbido de um sonho. O som acordava no meu espírito a ideia de rotação - talvez porque a minha imaginação a associava ao ruído que faz a roda do moinho. Mas isso durou muito pouco tempo. Porque de repente não ouvi mais nada. Contudo, ainda durante algum tempo, vi; mas com que terrível exagero! Vi os lábios dos juízes das togas negras. Pareceram-me brancos - mais brancos que a folha em que escrevo estas palavras - e grotescos de tão finos; finos pela intensidade da sua expressão de firmeza - de irrevogável resolução -, de desprezo absoluto pela dor humana. Vi que os decretos daquilo que para mim era o destino continuavam a brotar desses lábios. Vi-os torcerem-se em frases de morte. Vi-os moldarem as sílabas do meu nome; e estremeci porque nenhum som sucedia ao movimento. Vi também, durante alguns momentos de delírio e horror, a ondulação mole e quase imperceptível dos cortinados negros que revestiam as paredes da sala.

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Capa do livro O Poço e o Pêndulo
Páginas: 20
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O poço e o pêndulo 1