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Capítulo 1: O poço e o pêndulo

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E então a minha vista caiu sobre os sete grandes candelabros colocados sobre a mesa. A princípio surgiram-me como o aspecto da Caridade, e pareceram-me esguios anjos brancos que haveriam de salvar-me; mas então, num repente, uma náusea mortal invadiu a minha alma e senti tremer todas as fibras do meu ser como se tivesse tocado o fio de uma pilha galvânica, ao mesmo tempo que as formas angélicas se tornavam espectros sem sentido com cabeças de chamas e vi que deles não havia que esperar ajuda. E então na minha imaginação entrou, como uma rica nota musical, a ideia de como devia ser doce o repouso que se encontra no túmulo. O pensamento veio suave e furtivamente e pareceu-me ter passado muito tempo até poder ter dele uma apreciação completa; mas, no momento em que o meu espírito se apoderou totalmente da ideia, as figuras dos juízes desapareceram da minha frente como por magia; os grandes candelabros reduziram-se a nada; as suas chamas apagaram-se completamente e sobreveio a negrura das trevas; todas as sensações pareceram engolidas num turbilhão enlouquecedor como a queda da alma no Hades. E o universo não foi mais que silêncio, imobilismo e noite.

Desmaiei, mas não direi que perdi toda a consciência; o que dela restava não tentarei definir riem sequer escrever; mas nem tudo estava perdido. No mais profundo sono - não! No delírio - não! No desmaio - não! Na morte - não! Mesmo na sepultura nem tudo está perdido. Senão não há imortalidade para o homem. Acordando do mais profundo sono, rompemos a frágil teia de algum sonho. No instante seguinte, porém (tão ténue a sua urdidura), não nos lembramos sequer de ter sonhado. No regresso do desmaio à vida há duas fases: primeiro, o sentimento da existência mental ou espiritual; segundo, o sentimento da existência física.

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Capa do livro O Poço e o Pêndulo
Páginas: 20
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Os capítulos deste livro:
O poço e o pêndulo 1