O Triunfo dos Porcos - Cap. 2: CAPÍTULO II Pág. 13 / 94

As rédeas, os cabrestos, os antolhos e os degradantes bornais foram jogados à fogueira que ardia no pátio. Destino idêntico tiveram os relhos. Os bichos pulavam de contentamento ao verem os chicotes em chamas. Bola-de-Neve jogou também ao fogo as fitas que usualmente enfeitavam as crinas e caudas dos cavalos em dias de feira.

Fitas - disse ele - devem ser consideradas roupas, que são o distintivo do ser humano. Todos os animais devem andar nus.

Ao ouvir isso, Sansão foi buscar o chapeuzinho de palha que usava, no verão, para afastar as moscas de suas orelhas, e jogou-o também no fogo.

Em curto tempo, os bichos destruíram tudo quanto lhes recordava Jones. Napoleão conduziu-os de volta ao depósito de forragem e serviu uma ração dupla de cereais para todo mundo, com dois biscoitos para cada cachorro. Depois cantaram Bichos da Inglaterra de ponta a ponta, sete vezes, uma atrás da outra, deitaram-se e dormiram como nunca.

Acordaram, porém, de madrugada, como sempre, e, ao lembrarem-se do glorioso acontecimento da véspera, correram para a pastagem. A pequena distância havia uma colina que comandava a vista de quase toda a fazenda. Os animais subiram ao topo e olharam em volta, à luz clara da manhã. Sim, era deles - tudo quanto enxergavam era deles! No êxtase desse pensamento, viraram cambalhotas e saltaram, num arroubo de contentamento. Molharam-se no orvalho, morderam a deliciosa grama do verão, arrancaram torrões de terra e aspiraram aquele cheiro delicioso. Depois fizeram um circuito de inspeção em toda a granja, vistoriando, com muda admiração, a lavoura, o campo de feno, o pomar, a lagoa e o bosque. Era como se, anteriormente, nunca tivessem visto aquilo, e mal podiam acreditar: tudo era deles.

Voltaram, então, para as casas da granja e pararam silenciosos junto à porta da casa-grande.





Os capítulos deste livro