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Capítulo 8: CAPÍTULO VIII

Página 61

Todas as ordens, agora, eram transmitidas por meio de Garganta ou de outro porco. Napoleão não era visto em público mais do que uma vez cada quinze dias. E, quando aparecia, era acompanhado, não só pela sua matilha de cães, mas também por um garnisé preto que marchava à sua frente, atuando como arauto, soltando um cocoricó antes de cada fala de Napoleão. Mesmo na casa grande, diziam, ele habitava um apartamento separado dos demais. Fazia as refeições sozinho, com dois cachorros para servi-lo, e comia no serviço de jantar de porcelana da cristaleira da sala. Anunciou-se também que a espingarda seria disparada anualmente na data do aniversário de Napoleão, assim como nos outros dois aniversários. - • -

Agora já não mencionavam Napoleão como "Napoleão" simplesmente. Referiam-se a ele de maneira formal, como "nosso Líder, o Camarada Napoleão", e os porcos gostavam de inventar para ele títulos tais como Pai de Todos os Bichos, Terror da Humanidade, Protetor dos Apriscos, Amigo dos Pintainhos e assim por diante. Garganta, em seus discursos, com lágrimas rolando pelo focinho, falava na sabedoria de Napoleão, na bondade de seu coração, no profundo amor que devotava aos animais de todos os lugares, mesmo - e especialmente - aos infelizes animais que ainda viviam na ignorância e na escravidão, em outras granjas. Tomara-se usual atribuir a Napoleão o crédito de todos os êxitos e de todos os golpes de sorte. Ouvia-se, frequentemente, uma galinha comentar para outra: "Sob a orientação de nosso Líder, o Camarada Napoleão, pus cinco ovos em seis dias"; ou duas vacas, bebendo juntas no açude, exclamarem: "Graças à liderança do Camarada Napoleão, que gosto bom tem esta água!" O sentimento geral da granja era bem expresso num poema intitulado "O Camarada Napoleão", composto por Mínimo, que era assim:

Amigo dos órfãos!

Fonte da Felicidade! Senhor do balde de lavagem! Oh, minh'alma arde

Em fogo quando eu te vejo

Assim, calmo e soberano,

Como o sol na imensidão,

Camarada Napoleão!

Tu és aquele que tudo dá, tudo

Quanto as pobres criaturas amam.

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pág. 61 (Capítulo 8)

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Capa do livro O Triunfo dos Porcos
Páginas: 94
Página atual: 61

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CAPÍTULO I 1
CAPÍTULO II 9
CAPÍTULO III 17
CAPÍTULO IV 24
CAPÍTULO V 30
CAPÍTULO VI 40
CAPÍTULO VII 49
CAPÍTULO VIII 60
CAPÍTULO IX 73
CAPÍTULO X 84