Ela nunca tinha ouvido as expressões vibrantes de um amor jovem e sincero. Mais umas palavras e não se teria contido.
- Eugène - disse mudando de conversa - não está ao corrente da novidade? Paris em peso estará amanhã na casa da senhora de Beauséant. Os Rochefide e o marquês de Ajuda puseram-se de acordo para não divulgar o assunto, mas o rei assina amanhã o contrato de casamento e a sua pobre prima não sabe de nada ainda. Ela não poderá recusar-se a receber as pessoas, e o marquês não virá ao seu baile. Só se fala dessa aventura em todo o Paris.
- E o mundo ri duma infâmia, da qual é cúmplice! Mas será que você não sabe que a senhora de Beauséant morrerá com isso?
- Não - disse Delphine, sorrindo -, você não conhece as mulheres dessa espécie. Mas Paris inteiro virá a casa dela, e eu também! Devo-lhe no entanto essa alegria.
- Mas - disse Rastignac - não será um desses boatos ridículos como correm tantos por Paris?
- Saberemos a verdade amanhã.
Eugène não voltou para a Casa Vauquer. Não pôde resistir à vontade de estrear o seu novo apartamento. Se, na véspera, tinha sido obrigado a deixar Delphine, à 1 hora da manhã, agora foi Delphine que o deixou por volta das 2 horas para voltar para casa dela. Dormiu até bastante tarde no dia seguinte, esperou por volta do meio-dia a senhora de Nucingen, que veio almoçar com ele. Os jovens são tão sedentos dessas belas alegrias que tinham quase esquecido o pai Goriot. Foi uma longa festa para ele o facto de ter de se habituar a cada uma dessas coisas elegantes que lhe pertenciam. A senhora de Nucingen estava ali, dando a tudo um preço novo. No entanto, por volta das 4 horas, os dois amantes pensaram no pai Goriot pensando na felicidade que ele tinha em vir morar nesta casa.
