O Pai Goriot - Cap. 1: O PAI GORIOT Pág. 58 / 279

Sem esperar pela resposta de Eugène, a senhora de Restaud saiu à pressa como num voo rápido para o outro salão, deixando flutuar as pontas do robe que se enrolavam e desenrolavam de forma a dar-lhe a aparência de uma borboleta, e Maxime seguiu-a. Eugène, furioso, seguiu Maxime e a condessa. Estas três personagens encontraram-se, portanto, na presença uns dos outros, junto da chaminé, no meio do grande salão. O estudante sabia bem que ia incomodar este odioso Maxime, mas, tomando o risco de desagradar à senhora de Restaud, quis incomodar esse dândi. De repente, lembrando-se de ter visto este jovem no baile da senhora de Beauséant, adivinhou o que era Maxime à senhora de Restaud, e com essa grande audácia da juventude que faz cometer grandes estupidezes ou obter grandes sucessos, disse para consigo: Aqui está o meu rival! Quero ganhá-lo. Que imprudente! Ignorava que o conde Maxime de Trailles se deixava insultar, atirava primeiro e matava o homem que tinha à frente. Eugène era um caçador hábil mas ainda não tinha abatido vinte alvos em vinte e dois num concurso de tiro. O jovem conde atirou-se para uma poltrona junto do fogo, pegou nas pinças, mexeu o lume de forma tão violenta, tão raivosa, que a bela face de Anastasie se entristeceu de repente. A jovem mulher virou-se para Eugène e lançou-lhe um desses olhares gelidamente interrogativos que querem tão bem dizer: «Por que não se vai embora?», que as pessoas bem educadas sabem imediatamente sair-se com uma daquelas frases que se deveriam chamar de frases de saída.

Eugène tomou um ar agradado e disse:

- Senhora, estava tão desejoso de a ver para...

Parou de repente. Uma porta abriu-se. O senhor que conduzia o tilbury apareceu de repente, sem chapéu, não cumprimentou a condessa, olhou com ar preocupado para Eugène e estendeu a mão a Maxime, dizendo-lhe:

- Bom dia.





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