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Capítulo 1: UM EPISÓDIO NO TEMPO DO TERROR

Página 7
O medo aguçava a vista da velha senhora, que julgou divisar qualquer coisa de sinistro no rosto do desconhecido; sentiu acordarem de novo os seus terrores, e aproveitou aquela espécie de incerteza que detivera o homem para deslizar, na sombra, em direcção à porta da casa solitária; depois de puxar uma aldraba, desapareceu com uma rapidez fantasmagórica. O desconhecido, imóvel, contemplava aquela casa, que de certo modo representava o tipo das miseráveis moradias do arrabalde. O cambaleante casebre de pedra era revestido de uma camada de argamassa amarela, tão rachada e esboroada que dir-se-ia pronta a cair ao mais leve sopro de vento. O tecto, de telhas escuras, cobertas de musgo, abatia, aqui e ali, dando a impressão de que ia ceder ao peso da neve. Em cada andar havia três janelas, cujos caixilhos, que a humidade apodrecera, e desconjuntados pela acção do sol, proclamavam que o frio devia entrar lá dentro nos quartos. Dir-se-ia esta casa isolada uma velha torre que o tempo se esquecera de deitar a baixo. Uma claridade pálida se entrevia nos caixilhos irregularmente abertos nas águas-furtadas em que aquele pobre edifício terminava, enquanto que o resto da casa mergulhava na mais completa escuridão. Não sem custo a velha senhora subiu a escada íngreme e grosseira, ao longo da qual havia uma corda à guisa de corrimão; bateu misteriosamente à porta das águas-furtadas, e sentou-se, precipitadamente, na cadeira que lhe apresentou um velho.

- Esconda-se, esconda-se! - disse-lhe ela. - Embora raramente saiamos daqui, os nossos passos são conhecidos, somos espiados...

- Que, há de novo? - perguntou outra velha sentada junto ao fogão.

- O homem que anda à volta da casa desde ontem seguiu-me esta noite...

Ao ouvirem isto, os três habitantes daquele tugúrio entreolharam-se, deixando transparecer nos seus rostos sinais de um terror profundo.

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Páginas: 21
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Os capítulos deste livro:
UM EPISÓDIO NO TEMPO DO TERROR 1