Tufão - Cap. 6: VI Pág. 95 / 103

Sobre os seus ombros espalhavam-se uns cabelos incolores, muito soltos. Ao ver a mãe, parou de repente, e dirigiu os seus olhos claros e curiosos para a carta.

- É do pai - murmurou a senhora MacWhirr. - O que foi feito da tua fita?

A rapariga pôs as mãos sobre a cabeça e fez beicinho.

- Ele está bem - continuou a senhora MacWhirr languidamente. - Pelo menos suponho. Ele nunca diz. - Soltou uma risadinha. A cara da rapariga exprimia uma indiferença distraída, e a senhora MacWhirr olhava-a com amoroso orgulho.

- Vai pôr o chapéu - disse por fim. - Vou sair às compras. Há um saldo no Linom's.

- Oh, que bom! - exclamou a rapariga com animação, nuns tons vibrantes inesperadamente graves, e saiu a correr da sala.

Estava uma tarde agradável, com o céu cinzento e os passeios secos. À porta da loja de fazendas a senhora MacWhirr sorriu para uma mulher numa capa preta de generosas proporções com um chapéu cor de azeviche coroado de flores desabrochando falsamente sobre um semblante bilioso de quarentona. Começaram as duas a trocar ao mesmo tempo um chorrilho de exclamações e saudações, muito apressadas, como se a rua estivesse prestes a escancarar-se e a engolir todo o prazer antes de ele ter tempo de exprimir-se.

Atrás delas as altas portas de vidro continuavam no seu movimento de vaivém. As pessoas não podiam passar, os homens esperavam ao lado, pacientemente, e Lídia estava distraída a espetar a ponta da sombrinha entre as lajes de pedra. A senhora MacWhirr falava rapidamente.

- Muito obrigada. Ele não vem por enquanto. Claro que é muito triste tê-lo longe, mas já é uma grande consolação saber que está bem. - A senhora MacWhirr tomou ar. - Ele dá-se bem com o clima de lá - disse ela com uma expressão radiante, como se o pobre MacWhirr andasse a fazer turismo pela China por uma questão de saúde.





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