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Capítulo 1: Capítulo 1

Página 10

Para nós eles parecem ter repentinamente perdido toda sua vitalidade, todas as poucas qualidades que possuíam. As únicas verdadeiras pessoas são as que nunca existiram, e se um romancista é base suficiente para ir à vida por seus personagens ele devia ao menos fingir que são criações, e não se vangloriar por serem cópias. A justificação de um personagem em um romance não é que outras pessoas são o que eles são, mas sim que o autor é o que ele é. Do contrário, o romance não é uma obra de arte.

Quanto ao Sr. Paul Bourget, o mestre de Roman Psychologique, ele comete o erro de imaginar que o homem e a mulher da vida moderna são capazes de serem infinitamente analisados por inúmeras séries de capítulos. De fato, o que é interessante nas pessoas de boa sociedade – e o Sr. Paul Bourget raramente sai de Fauborg St. Germain, exceto para vir a Londres, - é a máscara que cada um deles usa, não a realidade por trás da máscara. É uma confissão humilhante, mas somos todos feitos da mesma coisa. Em Falstaff há algo de Hamlet, em Hamlet não há nem um pouco de Falstaff. O cavaleiro gordo tem seus humores melancólicos, e o jovem príncipe tem seus momentos de humor tosco. Onde nos diferimos um do outro é puramente em acidentais: no vestir, maneiras, tom de voz, opiniões religiosas, aparência pessoal, hábitos e semelhantes. Quanto mais se analisa as pessoas, mais as razões para fazê-lo desaparecem. Cedo ou tarde se chega àquela detestável coisa universal chamada natureza humana. Realmente, como qualquer um que já trabalhou entre os pobres sabe muito bem, a irmandade entre os homens não é um mero sonho de poeta, é uma deprimente e humilhante realidade; e se um escritor insiste em analisar as classes superiores, tanto melhor seria escrever sobre garotas combinando e vendedores de carrocinha.

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Capa do livro A Decadência da Mentira
Páginas: 42
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