E, entre várias opiniões igualmente aceitas, escolhia somente as moderadas: tanto porque são sempre as mais cômodas para a prática, e provavelmente as melhores, já que todo excesso costuma ser mau, como também para me desviar menos do verdadeiro caminho, caso eu falhasse, do que, havendo escolhido um dos extremos, fosse o outro aquele que eu deveria ter seguido. E, em especial, punha entre os excessos todas as promessas pelas quais se restringe em algo a própria liberdade. Não que desaprovasse as leis que, para corrigir a inconstância dos espíritos fracos, permitem, quando se possui algum bom propósito, ou mesmo, para a segurança das relações sociais, alguma intenção que seja apenas indiferente, que se façam promessas solenes ou contratos que obriguem a persistir nela; mas porque não via no mundo nada que continuasse sempre no mesmo estado, e porque, no meu caso particular, como prometia a mim mesmo aperfeiçoar cada vez mais os meus juízos, e de maneira alguma torná-los piores, pensaria cometer grande falta contra o bom senso, se, pelo fato de ter aprovado então alguma coisa, me sentisse na obrigação de tomá-la como boa ainda depois, quando deixasse talvez de sê-lo, ou quando eu parasse de considerá-la tal.
Minha segunda máxima consistia em ser o mais firme e decidido possível em minhas ações, e em não seguir menos constantemente do que se fossem muito seguras as opiniões mais duvidosas, sempre que eu me tivesse decidido a tanto.