Capítulo 5: Capítulo 5
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E, em seguida, expusera nele qual deve ser a estrutura dos nervos e dos músculos do corpo humano, para fazer com que os espíritos animais que se encontram dentro deles tenham a força de mover seus membros: assim como se vê que as cabeças, pouco depois de decepadas, ainda se movem e mordem a terra, apesar de não serem mais animadas; quais transformações se devem efetuar no cérebro para produzir a vigília, o sono e os sonhos; como a luz, os sons, os odores, os sabores, o calor e todas as outras qualidades dos objetos exteriores nele podem imprimir variadas ideias por intermédio dos sentidos; como a fome, a sede e as outras paixões interiores também podem-lhe transmitir as suas; o que deve ser nele tomado pelo senso comum, onde essas ideias são aceitas; pela memória, que as conserva, e pela fantasia, que as pode modificar diferentemente e formar com elas outras novas, e pelo mesmo meio, distribuindo os espíritos animais nos músculos, movimentar os membros desse corpo de tão diferentes maneiras, quer a respeito dos objetos que se apresentam a seus sentidos, quer das paixões interiores que se encontram nele, que os ossos se possam movimentar sem que a vontade os conduza. O que não parecerá de maneira alguma estranho a quem, sabendo quão diversos autômatos, ou máquinas móveis, a indústria dos homens pode produzir, sem aplicar nisso senão pouquíssimas peças, em comparação à grande quantidade de ossos, músculos, nervos, artérias, veias e todas as outras partes existentes no corpo de cada animal, considerará esse corpo uma máquina que, tendo sido feita pelas mãos de Deus, é incomparavelmente mais bem organizada e capaz de movimentos mais admiráveis do que qualquer uma das que possam ser criadas pelos homens.
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