- Não consigo imaginar um caso mais decisivo.
- A mim não me pareceu conclusivo.
- Surpreende-me profundamente, Sr. Holmes. Que mais é que um homem pode querer?
- A sua explicação cobre todas as questões?
- Sem a menor dúvida. Descobri que o jovem Neligan chegou ao Hotel Brambletye no próprio dia do crime. Utilizou o pretexto de vir jogar golfe. O seu quarto era no rés-do-chão e ele podia sair quando quisesse. Nessa mesma noite, foi a Woodman's Lee, falou com Peter Carey na cabana, discutiu com ele e matou-o com o arpão. Depois, horrorizado com o que fizera, fugiu da cabana, deixando cair o bloco de notas que levara consigo a fim de interrogar Peter Carey acerca das várias acções. Talvez tenha notado que algumas têm visto à frente e outras... a grande maioria... não têm. As que têm os vistos são as que foram localizadas na bolsa de Londres, mas as outras estavam, presumivelmente, ainda na posse de Carey, e o jovem Neligan, segundo as suas próprias declarações, estava ansioso por as reaver, a fim de reembolsar os credores do pai. Após a sua fuga, não ousou voltar a aproximar-se da cabana durante algum tempo, mas finalmente forçou-se a fazê-lo, a fim de obter as informações de que precisava. Com certeza que isto é simples e evidente?
Holmes sorriu e abanou a cabeça.
- Parece-me ter apenas um senão, Hopkins, e esse é que isso é intrinsecamente impossível. Já tentou cravar um arpão num corpo? Não? Ora, ora, meu caro senhor, deve prestar atenção a esse tipo de pormenor. O meu amigo Watson poderá dizer-lhe que eu passei uma manhã inteira a fazer semelhante exercício. Não é uma manobra fácil e requer um braço forte e experimentado. Mas o golpe foi desfechado com tal violência que a ponta da arma se enterrou profundamente na parede.