O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 6: A Aventura de Black Peter Pág. 175 / 363

Seja como for, prefiro morrer com uma corda ao pescoço que com a faca de Black Peter no meu coração.

- Como é que chegaram a esse ponto? - perguntou Holmes.

- Vou contar-lhe desde o princípio. Ponham-me sentado para eu poder falar melhor. Aconteceu tudo em 1883... em Agosto desse ano. Peter Carey era comandante do Sea Unicorn e eu era lançador de arpão suplente. Vínhamos a sair do mar gelado a caminho de casa com ventos desfavoráveis e no meio de um temporal que durava há uma semana, quando demos com uma pequena embarcação que fora empurrada para norte. Só lá ia um homem... um marinheiro inexperiente. A tripulação convencera-se de que a embarcação se-afundaria e tinham tentado alcançar a costa norueguesa no bote. Creio que se afogaram todos. Bom; levámos o homem para bordo e ele e o capitão tiveram longas conversas na cabina. A única bagagem que trazia consigo era uma caixa de lata. Tanto quanto sei, o nome do homem nunca foi mencionado e, na segunda noite, ele desapareceu como se nunca ali tivesse estado. Foi dito que se atirara borda fora ou que caíra ao mar no meio do temporal. Só um homem sabia o que lhe acontecera e esse homem era eu, pois vi com os meus próprios olhos o capitão pegá-lo pelos pés e atirá-lo ao mar a meio de uma noite escura, dois dias antes de avistarmos o farol de Shetland.

»Bom, guardei para mim o que sabia e esperei para ver o que acontecia. Quando chegamos à Escócia, o caso foi facilmente abafado, e ninguém fez perguntas. Um estranho morre por acidente e ninguém tem de fazer perguntas. Pouco tempo depois, Peter Carey deixou a vida do mar e passaram-se muitos anos até eu o conseguir encontrar. Calculei que ele tinha feito aquilo para ficar com o que estava na caixa de lata e que teria dinheiro suficiente para me compensar por me manter calado.





Os capítulos deste livro