O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 6: A Aventura de Black Peter Pág. 176 / 363

»Descobri onde ele estava através de um marinheiro que o encontrara em Londres e procurei-o para o espremer. Na primeira noite, mostrou-se bastante razoável e pronto a dar-me o suficiente para que eu não tivesse de voltar para o mar. Íamos acertar contas duas noites depois. Quando cheguei, dei com ele completamente bêbado e com uma disposição tenebrosa. Sentámo-nos, bebemos e cavaqueámos acerca dos velhos tempos, mas quanto mais ele bebia menos eu gostava da sua expressão. Vi o arpão na parede e pensei que talvez ainda viesse a precisar dele naquela noite. Finalmente, ele virou-se contra mim, a cuspir e a praguejar, com uma expressão assassina nos seus olhos e uma grande faca na mão. Não teve tempo de a desembainhar antes de eu o trespassar com o arpão. Santo Deus! Que grito ele deu! Ainda hoje lhe vejo a cara e não consigo dormir. Fiquei ali, com o sangue a sujar tudo em volta; esperei um pouco, mas, como estava tudo calmo, tomei ânimo. Olhei em volta e ali estava a caixa de lata na prateleira. Tinha tanto direito a ela como Peter Carey, portanto, levei-a comigo e deixei a cabana. Como um idiota, deixei a bolsa do tabaco em cima da mesa.

»Agora vou contar-lhes a parte mais estranha da história. Logo ao sair da cabana, ouvi alguém aproximar-se e escondi-me no meio dos arbustos. Apareceu um homem com um ar furtivo, deu um grito como se tivesse visto um fantasma e fugiu tão depressa quanto podia até eu o perder de vista. Quem era ou o que queria não lhes posso dizer. Quanto a mim, andei uns quinze quilómetros, apanhei um comboio em Turnbridge Wells e cheguei a Londres, sem ninguém saber de nada.

»Bom, quando examinei a caixa, vi que não tinha dinheiro nenhum. Só tinha papéis que eu não ousava vender.





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