O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 8: A Aventura dos Seis Napoleões Pág. 209 / 363

Pela primeira vez, os nossos olhos fitaram a reprodução do grande imperador, que parecia provocar tão intenso e destrutivo ódio no espírito de um desconhecido. Estava em cacos que se espalhavam, com as suas arestas aguçadas, pela relva. Holmes pegou em alguns e examinou-os atentamente. Fiquei convencido, pela sua expressão atenta e atitude determinada, de que encontrara finalmente uma pista.

- Então? - perguntou Lestrade.

Holmes encolheu os ombros.

- Ainda temos um longo caminho a percorrer - disse. – E, no entanto... no entanto... bom… já temos alguns factos sugestivos em que basearmos o nosso trabalho. A posse deste busto insignificante era de maior valor aos olhos do estranho criminoso, que uma vida humana. Esse é um ponto. Depois há o facto singular de ele não ter partido o busto dentro de casa ou nas imediações desta, se é que o seu único objectivo era parti-lo.

- Ficou perturbado e assustado ao encontrar o outro tipo. Mal sabia o que fazia.

- Bom, provavelmente assim aconteceu. Mas quero chamar-lhe a atenção para a situação extremamente específica da casa em cujo jardim o busto foi encontrado partido.

Lestrade olhou à sua volta.

- Era uma casa desocupada, portanto, ele sabia que não seria incomodado no jardim.

- Sim, mas há outra casa vazia na rua por onde ele teve de passar até chegar a esta. Por que é que não o partiu aí, dado que é evidente que o risco de encontrar alguém aumentava com a distância que percorria?

- Desisto - disse Lestrade.

Holmes apontou para um candeeiro de iluminação pública mesmo por cima da nossa cabeça.

- Ele aqui podia ver o que estava a fazer e no outro jardim não.

Foi essa a razão.

- Caramba! É verdade - disse o detective.





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