O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 8: A Aventura dos Seis Napoleões Pág. 219 / 363

- Receio bem que a espera seja longa - murmurou Holmes. Podemos dar graças por não estar a chover. Não creio que possamos sequer aventurar-nos a fumar para ajudar a passar o tempo. No entanto, há duas hipóteses para uma que consigamos algo que nos compense do nosso incómodo.

No entanto, a nossa vigília acabou por não ser tão longa quanto Holmes nos levara a crer, pois terminou muito bruscamente e de uma forma singular. De repente, e sem o menor som que nos alertasse quanto à sua chegada, o portão do jardim abriu-se e uma figura magra e escura, ágil e rápida como um macaco, correu pelo caminho que atravessava o jardim. Vimo-la passar pela luz em frente da porta da frente e desaparecer junto à sombra escura da casa. Depois, houve uma longa pausa, durante a qual sustivemos a respiração, chegando-nos em seguida aos ouvidos um ligeiro ranger. A janela estava a ser aberta. O barulho parou e houve de novo um longo silêncio. O tipo estava a entrar dentro de casa. Vimos um súbito raio de luz proveniente de uma lanterna dentro da sala. Era evidente que aquilo que ele procurava não se encontrava ali, pois vimos novamente luz numa outra dependência e depois noutra ainda.

- Vamos até à janela que está aberta. Apanhá-lo-emos quando vier a sair - murmurou Lestrade.

Antes de nos podermos mexer, o homem voltou a sair. Ao passar pela zona iluminada, vimos que trazia qualquer coisa branca debaixo do braço. Olhou atentamente à sua volta. O silêncio da rua deserta tranquilizou-o. Voltando-nos as costas, pousou o que trazia e, no momento seguinte, ouviu-se o som de uma pancada seguida do barulho de algo que se parte em pedaços. O homem estava tão absorto no que fazia que não ouviu os nossos passos ao atravessarmos o relvado.





Os capítulos deste livro