O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 10: A Aventura do «Pince-Nez» Dourado Pág. 264 / 363

É muito mau, muito mau, mas um velho tem poucos prazeres. O tabaco e o meu trabalho... só isso me resta.

Holmes acendera um cigarro e lançava breves olhares penetrantes a todo o quarto.

- Tabaco e o meu trabalho, mas agora apenas o tabaco - exc1amou o velho. - Que pena! Que fatal interrupção! Quem é que podia prever tão terrível catástrofe? Um jovem tão admirável! Garanto-lhe que apenas com alguns meses de aprendizagem se tornou num excelente assistente. Que é que acha deste caso, Sr. Holmes?

-Ainda não tenho uma opinião formada.

- Ficar-lhe-ei extremamente grato se puder lançar luz sobre o que para nós está em total escuridão. Para um pobre rato de biblioteca inválido como eu, este golpe foi paralisante. Pareço ter perdido a faculdade de pensar. Mas o senhor é um homem de acção... é um homem de trabalho. Isto faz parte da sua rotina do dia-a-dia. Consegue manter o seu equilíbrio numa emergência. Temos, de facto, muita sorte em tê-lo do nosso lado.

Holmes andava de trás para diante no quarto enquanto o velho professor ia falando. Reparei que estava a fumar com extrema rapidez. Era evidente que compartilhava o gosto do nosso anfitrião pelos cigarros de Alexandria.

- Sim, Sr. Holmes - continuou o professor -, foi um golpe extremamente duro. - Aquela é a minha magnum opus… aquela pilha de papéis na mesa do lado. É a minha análise dos documentos encontrados nos mosteiros cópticos na Síria e no Egipto, um trabalho que tocará profundamente a própria base da religião revelada. Com a minha saúde débil, não sei se o poderei terminar agora que o meu assistente me foi roubado. Santo Deus, Sr. Holmes! O senhor é um fumador ainda mais rápido que eu próprio.

Holmes sorriu.





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