O Regresso de Sherlock Holmes - Cap. 10: A Aventura do «Pince-Nez» Dourado Pág. 265 / 363

- Sou um apreciador - respondeu, tirando outro cigarro da caixa, o quarto, e acendendo-o na brasa do que acabara de fumar. Não o importunarei com um longo interrogatório, professor Coram, dado que deduzo que estava na cama na altura do Crime e que não fazia ideia do que se estava a passar. Só lhe quero perguntar uma coisa: que é que pensa que o pobre homem quis dizer com as suas últimas palavras «O professor... foi ela»?

O professor abanou a cabeça.

- Susan é uma moça do campo - disse -, e o senhor conhece a incrível estupidez dessa classe. Imagino que o pobre murmurou algumas palavras incoerentes, já em delírio, e que ela as distorceu, o que resultou nessa mensagem sem significado.

- Estou a ver. E o senhor não tem qualquer explicação para a tragédia?

- Foi possivelmente um acidente... só posso dizer isto entre nós... um suicídio. Os jovens têm problemas ocultos... algum caso amoroso, talvez do qual nunca tivemos conhecimento. É uma suposição mais provável que a de assassínio.

- Mas os óculos?

- Eu sou apenas um estudioso... um sonhador. Não posso explicar as coisas práticas da vida. Mesmo assim, meu amigo, sabemos que as teias do amor assumem formas estranhas. Faça favor de tirar outro cigarro. É um prazer ver alguém apreciá-los tanto. Um leque, uma luva, uns óculos... quem sabe que o objecto pode ser guardado como recordação ou como um tesouro quando um homem põe termo à vida? Este senhor falou-me de pegadas na relva, mas afinal de contas é fácil uma pessoa enganar-se quanto a uma coisa dessas. Quanto à faca, pode ter sido atirada para longe pelo infeliz jovem ao cair. É possível que esteja a falar como uma criança, mas a mim parece-me que Willoughby Smith tomou o seu próprio destino nas suas mãos.





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